Visitou a exposição dos cartazes com os números da obra do PSD. Num estava escrito “colónia” em vez de “colonia” (antigo regime agrário da região) e ele pediu uma caneta e riscou o erro.
Alberto João Jardim aguenta quase três horas de percurso sem dar mostras de cansaço. À sua volta, toda a gente é extraordinariamente prestável. Logo na primeira barraca um dos assessores apressa-se a subtrair uma sanduíche da mão do chefe para retirar cuidadosamente a película aderente que a cobre antes de a devolver pronta a ingerir. Como Jardim só quer metade, profere “alguém que coma esta” e coloca a outra metade na bancada. Um dos que o acompanham ri-se, diz “está bem”, e come o resto da sanduíche. Quando Jardim come chicharros fritos, o mesmo amável assessor procura com destreza guardanapos para “o presidente”. Atrasou-se, Jardim já usou o lenço de pano, enquanto avança para mais uma foto com admiradoras. Está sempre a vontade, come sistematicamente de boca aberta, mas também fala francês fluentemente com vários emigrantes que se lhe dirigem. Finalmente descansa uns minutos no recinto dos TSD, antes do momento alto do dia: a sua intervenção.
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Perto das duas horas, o speaker que por sinal é também jornalista do Jornal da Madeira anuncia finalmente Alberto João Jardim. O ainda presidente do partido sobe ao palco. Já trocou o polo laranja por outro mais discreto, azul-escuro, e usa um microfone que lhe permite ter as mãos livres - tal como Michael Carreira a seguir a ele. O show - Jardim começa sempre com um medley dos hinos do PSD regional e nacional (não o actual mas o velhinho Paz, Pão Povo e Liberdade) e finalmente: Alberto João, oléee, Alberto João, oléee, Alberto João, Olé, Olé. Depois de um agradecimento a todos os madeirenses pelo passado de vitórias e obra do PSD, vira-se para o futuro: “ Não votem em gente que, para se vingar de um mau resultado eleitoral interno, mandou votar na oposição quando foram as eleições autárquicas. Não se perdoa gente desta”
A seguir apaga as velas dos 40 anos do PSD Madeira e dá uma última volta de despedida pelo recinto, agora muito discreto, apenas um assessor e um segurança. Este ano não há banho de espuma final, como noutras edições. A festa acabou, para o ano há mais, mas não do mesmo. Jardim entra no carro, o mesmo BMW descapotável coberto de pó que o trouxe de manhã, acena e diz: “Adeus”.